Resenha | A Hora da Estrela

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Páginas: 88
Ano: 2008 (primeira publicação: 1977)
Classificação:

Sinopse: A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo por seu autor, o escritor Rodrigo S.M. (um alter-ego de Clarice Lispector), de um modo que os leitores acompanhem o seu processo de criação. À medida que mostra esta alagoana, órfã de pai e mãe, criada por uma tia, desprovida de qualquer encanto, incapaz de comunicar-se com os outros, ele conhece um pouco mais sua própria identidade. A descrição do dia-a-dia de Macabéa na cidade do Rio de Janeiro como datilógrafa, o namoro com Olímpico de Jesus, seu relacionamento com o patrão e com a colega Glória e o encontro final com a cartomante estão sempre acompanhados por convites constantes ao leitor para ver com o autor de que matéria é feita a vida de um ser humano.
Clarice Lispector é uma autora muito querida e respeitada pelos leitores brasileiros. A Hora da Estrela foi meu primeiro contato com sua obra, mas consegui perceber alguns dos motivos que fazem dela uma das maiores escritoras do Modernismo.

Esta obra conta a história de Macabéa, uma jovem nordestina que saiu de Alagoas para tentar a vida na cidade grande, mais precisamente no Rio de Janeiro. Macabéa é uma moça humilde e sofrida, que mesmo com sua ignorância se mostra uma personagem muito cativante e que me fisgou logo de cara.

A Hora da Estrela chega a ser quase um conto, de tão curto que é. Mas mesmo com os poucos parágrafos, é uma história rica em detalhes, simples e grandiosa ao mesmo tempo. Através dos relatos de Rodrigo S. M., o autor e narrador da saga de Macabéa, conhecemos a pacata e simplória vida da moça e como ela enxerga a vida e as pessoas com quem convive.

O narrador insere seus pensamentos e devaneios enquanto escreve o livro, e acompanhamos com ele o processo de criação desta personagem e como funciona a mente de um escritor quando está desenvolvendo um livro. Para alguns pode até soar um pouco maçante, mas achei bem curioso e interessante acompanhar estes momentos em que Rodrigo “fala” com o leitor. De certa forma tornou a obra ainda mais realista.

A Hora da Estrela não possui grandes reviravoltas e nem momentos de tensão ou apreensão. É uma história que se garante apenas por sua simplicidade, conseguindo transmitir mensagens importantes principalmente em um momento da história onde vemos o culto constante ao ter, ao invés do ser. Claramente Macabéa nada contra a corrente, enxergando a beleza e valor onde menos se espera.

A narrativa de Clarice mostra ao invés de contar, e este é o meu tipo favorito de narrativa. Ela consegue nos dizer muito através de poucas linhas de diálogo, sem nunca se tornar repetitiva ou prolixa. Há também muita poesia em sua escrita, apesar de não ser rebuscada. Você encontrará algumas metáforas que precisam ser lidas mais de uma vez, tamanha a quantidade de significado que contêm.

Mais uma vez a discussão do Piquenique Literário foi crucial para me fazer perceber o quanto gostei do livro escolhido. Através das opiniões dos participantes, enxerguei tantas mensagens na história de Macabéa que fica até difícil enumerar. A Hora da Estrela fala de amor, sofrimento, vida, morte e muito mais. Recomendo muitíssimo a todos, independente de já terem lido Clarice anteriormente.

Beijos e até o próximo post!

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