Resenha | O vilarejo

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Autor: Raphael Montes
Editora: Suma de Letras
Páginas: 109
Ano: 2015
Classificação:
Skoob

Sinopse: Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome.
As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.

O Vilarejo foi a minha terceira experiência com o trabalho de Raphael Montes. As duas leituras anteriores foram boas, mas tive uns probleminhas aqui e ali. Felizmente, na terceira, o jogo virou e eu posso dizer que gostei da obra do começo ao fim.

Esse é um livro de contos de terror que se passam com os moradores de um mesmo vilarejo. No início da obra, o autor nos conta como surgiu a ideia de escrever os contos, e eu não vou comentar nada sobre isso, apenas que é algo bem macabro, que já nos dá o tom do que virá a seguir. Raphael consegue deixar o leitor com a pulga atrás da orelha, duvidando do que pode ser real ou imaginário.

Dizem que os contos podem ser lidos em qualquer ordem, mas eu particularmente discordo. Acho que a maneira que foram dispostos na obra é o que colabora para que a experiência seja única e surpreendente, conforme vamos descobrindo o que aconteceu com aquelas pessoas e de que maneira as histórias delas se conectam.

Não consigo escolher um conto favorito; todos tiveram seu grau de importância e se completaram muito bem, na minha opinião. Talvez o último seja o mais legal justamente por ser o responsável por “dar liga” na história e nos fazer entender o todo. O autor ainda retorna ao final de tudo para nos presentear com mais algumas revelações macabras e que nos deixam ainda mais alertas. A gente se pergunta: mas o que foi que eu acabei de ler?

Acho que Raphael Montes deve investir um pouco mais nessa linha de terror, que brinca mais com o sobrenatural. Gosto de seus suspenses, mas a maneira que ele escreve o terror mais grotesco e assustador me deixou encantada. Recomendo bastante essa leitura!

Beijos e até o próximo post :*

Resenha | O fundo é apenas o começo

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Autor: Neal Shusterman
Editora: Valentina
Páginas: 272
Ano: 2018
Classificação:
Skoob

SinopseUma poderosa jornada da mente humana, um mergulho profundo nas águas da doença mental..CADEN BOSCH está a bordo de um navio que ruma ao ponto mais remoto da Terra: Challenger Deep, uma depressão marinha situada a sudoeste da Fossa das Marianas..CADEN BOSCH é um aluno brilhante do ensino médio, cujos amigos estão começando a notar seu comportamento estranho..CADEN BOSCH é designado o artista de plantão do navio, para documentar a viagem com desenhos..CADEN BOSCH finge entrar para a equipe de corrida da escola, mas na verdade passa os dias caminhando quilômetros, absorto em pensamentos..CADEN BOSCH está dividido entre sua lealdade ao capitão e a tentação de se amotinar..CADEN BOSCH está dilacerado..Cativante e poderoso, O Fundo é Apenas o Começo é um romance que permanece muito além da última página, um pungente tour de force de um dos mais admirados autores contemporâneos da ficção jovem adulta.

Eu já li alguns livros YA sobre saúde mental, e posso dizer com absoluta certeza que nenhum mexeu tanto comigo e de uma maneira tão peculiar e especial quanto este. O Fundo é Apenas o Começo, do meu queridinho Neal Shusterman, nos apresenta uma história íntima e intensa sobre um jovem de quinze anos que tenta conviver com uma doença mental.

Esse é aquele tipo de livro em que é melhor se aventurar sem saber muita coisa sobre o enredo. A obra nos apresenta duas histórias paralelas: em uma, vemos o protagonista Caden vivendo uma vida comum de adolescente, porém começando a suspeitar que algo está diferente em sua mente; em outra, acompanhamos Caden em um navio, repleto de tripulantes curiosos e bizarros. Essas histórias podem parecer desconexas, mas aos poucos vão se entrelaçando e se desvendando para o leitor, que vai se vendo cada vez mais envolvido por elas.

Caden é um adolescente comum, que estuda, se diverte com seus amigos e tem bons momentos em família. Inclusive, sua família é um dos pontos que mais se destacam na obra, pois Caden tem uma relação bastante próxima com seus pais e sua irmã mais nova, sem soar perfeita demais. Nos momentos mais delicados da história, a presença da família de Caden é crucial para nos mostrar que nunca devemos enfrentar nossos problemas sozinhos.


A maneira que os transtornos de Caden são tratados é muito sensível e verossímil. Mesmo com todas as metáforas e partes lúdicas, conseguimos perceber com clareza como funciona uma mente perturbada, como tudo começa e se desenvolve e como é importante tratar esses transtornos o quanto antes, com um acompanhamento profissional.

É visível como Shusterman colocou seu coração nesse livro. Ele nos explica como foi o processo de escrita e o quão importante foi a ajuda de profissionais e de uma pessoa em especial – seu filho – para trazer mais veracidade à história. Com certeza, ler o posfácio do autor foi a parte mais marcante e emocionante pra mim. Eu consegui sentir toda a dor e a força dessa história, e compreendi ainda mais a mensagem que a obra quis passar. Foi muito emocionante, e toda vez que eu lembro desse trecho, sinto vontade de chorar.


São inúmeros os motivos que eu teria pra tentar te convencer a ler O Fundo é Apenas o Começo. Mas eu prefiro somente dizer que eu o recomendo muitíssimo e acho que todo mundo deve ler e se emocionar com essa história.

Beijos e até o próximo post!

Resenha | The Last Star

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Autor: Rick Yancey
Nível de inglês: Intermediário
Páginas: 388
Ano: 2016
Classificação:
Skoob

Sinopse: We’re here, then we’re gone, and that was true before they came. That’s always been true. The Others didn’t invent death; they just perfected it. Gave death a face to put back in our face, because they knew that was the only way to crush us. It won’t end on any continent or ocean, no mountain or plain, jungle or desert. It will end where it began, where it had been from the beginning, on the battlefield of the last beating human heart.
Master storyteller Rick Yancey invokes triumph, loss, and unrelenting action as the fate of the planet is decided in the conclusion to this epic series.
Leia a resenha de A 5ª Onda aqui.
Leia a resenha de O Mar Infinito aqui.

A trilogia A 5ª Onda começou bem pra mim. O primeiro livro foi empolgante e o segundo conseguiu elevar o nível e se tornar uma excelente sequência. E eu fico até sem palavras para expressar a o tamanho da minha decepção com a conclusão da série, que fiz bem em ler em inglês ao invés de pagar caro pela versão física em português.

The Last Star já começa confuso, com uma narrativa estranha e que se assemelha muito pouco ao o que eu já conhecia dos livros anteriores. Rick Yancey introduz novos personagens e consequentemente, novos pontos de vista, que tornam a confusão ainda maior, logo nos primeiros capítulos do livro.

Como era de se esperar, eu demorei bastante para me envolver com a história e com os personagens. Passei cerca de 30% da obra meio perdida, sem entender aonde o autor queria chegar. Aos poucos as coisas foram se encaixando, mas não o suficiente. Continuei com uma interrogação na minha cabeça conforme fui lendo os capítulos.

O maior problema que tive com este terceiro livro foi a mudança drástica em relação a seus antecessores, principalmente quanto ao enredo e ao objetivo final dos protagonistas (que se for analisar bem, meio que também mudaram). Eu entendo que em uma trilogia ou série às vezes seja necessário ampliar a história ou deixar mais dinâmica, mas no caso de A 5ª Onda tudo muda e no final das contas, não traz nada de positivo que justifique tanta mudança.

Até o momento, The Last Star foi a minha maior decepção e a pior leitura de 2018. O final, que até tenta ser heroico e comovente, soa raso e não conclui efetivamente nada.

Se você está em dúvida se deve ou não começar a trilogia, já deu pra saber o que acho, né? Afinal, a chance de se decepcionar é grande.

Beijos e até o próximo post :*

Resenha | Maré Congelada

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Autora: Morgan Rhodes
Editora: Seguinte
Páginas: 440
Ano: 2016
Classificação:

Sinopse: As disputas pela Tétrade, quatro cristais mágicos capazes de conferir poderes inimagináveis a quem os encontrar, continuam. Amara roubou o cristal da água, Jonas conseguiu o da terra, Felix enganou os rebeldes para ficar com o cristal do ar, e Lucia está com o do fogo. Mas nem todos sabem como ativar a magia da Tétrade, e apenas a princesa feiticeira conquistou poder até agora, aliando-se ao deus do fogo que libertou de seu cristal. Gaius, o Rei Sanguinário, também não desistiu de encontrar os cristais. Ele está mais sedento por poder do que nunca, especialmente agora que não conta mais com a ajuda da imortal Melenia nem com o apoio de Magnus, o herdeiro que o traiu para poupar a vida da princesa Cleo. Para conquistar todo o mundo conhecido, Gaius resolve atravessar o mar gelado até Kraeshia, e tentar um acordo com o imperador perverso de lá. No caminho, o rei vai encontrar muitas dificuldades e inimigos, como Amara, princesa de Kraeshia, que tem seus próprios planos para conquistar o poder.

Leia a resenha de A Queda dos Reinos aqui.
Leia a resenha de A Primavera Rebelde aqui.
Leia a resenha de A Ascensão das Trevas aqui.

Cá estou com mais um volume de A Queda dos Reinos concluído. O que me deixa impressionada com essa série é que na maioria das vezes é bem difícil prever para onde a história vai se encaminhar, e isso me mantém super curiosa para continuar lendo os próximos livros. Mas, mesmo assim, Maré Congelada é vem semelhante ao seu antecessor e acaba me deixando em uma posição difícil, e eu não consigo lembrar de nada muito marcante que me auxilie no desenvolvimento da resenha.

Maré Congelada não é um livro ruim, de jeito nenhum; ele tem todos os elementos que já apareceram em livros anteriores da série e boa parte daquilo que me faz continuar acompanhando a saga de Cleo, Magnus e cia: personagens bem construídos, narrativa envolvente, reviravoltas quando menos se espera e uma ambientação imersiva. Só que em termos de enredo, mais uma vez eu fiquei com a sensação de que nada decisivo aconteceu e meio que me sinto no mesmo ponto em que estava após a leitura de Ascensão das Trevas.

Lucia é a personagem mais difícil (e chata) de acompanhar, confesso que só passei os olhos pela maioria dos capítulos em que o ponto de vista era dela. Por mais que a personagem tenha seu peso e sua importância dentro da história principal, eu ainda a vejo como alguém extremamente sem graça. A forçação de barra é forte com essa aqui.

Como eu já falei no início do texto, tenho pouco pra falar dessa experiência de leitura. Foi um livro morno, com poucas mudanças importantes e que me deixou desinteressada em alguns momentos. Não vou desistir da série porque realmente quero saber como tudo termina, mas espero que as coisas esquentem um pouco mais nos próximos livros.

Beijos e até o próximo post!

Resenha | O Ódio que Você Semeia

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Autora: Angie Thomas
Editora: Galera Record
Páginas: 378
Ano: 2017
Classificação:
Skoob
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Sinopse: Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos.
Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial.Não faça movimentos bruscos.Deixe sempre as mãos à mostra.Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente.Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto.Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início.Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar.

O Ódio que Você Semeia foi muito comentado em 2017 e considerado por muitos o melhor livro do ano. E eu decidi pegá-lo esse ano devido a uma polêmica recente que houve envolvendo uma empresa de assinatura de livros, que em resumo alegou que livros YA não precisam de concentração para ser compreendidos, pois não trazem reflexões ao leitor. Pois é. Esse livro é um dos maiores exemplos de que muitas vezes esta afirmação é uma completa mentira.

A obra nos apresenta a jornada de Starr, uma menina negra que vive em um bairro negro dos Estados Unidos e presencia o assassinato de um de seus amigos, cometido por um policial branco. Este acontecimento desencadeia uma investigação e Starr se vê em uma situação que vai abrir seus olhos para uma realidade que ela sabia que existia, mas que passa a ter uma importância muito maior do que antes.

O Ódio que Você Semeia é um livro sobre racismo. Não só o racismo da segregação e do ódio, como o próprio nome sugere, mas também o racismo velado e diário, que se esconde nas atitudes mais “inocentes” e que é ignorado por grande parte da sociedade.

Acredito que a experiência de escrita deve ter sido muito íntima para Angie Thomas. No final do livro ela nos explica como teve a ideia de escrevê-lo e fala um pouco sobre as semelhanças entre a história de Starr e a sua própria. E para aqueles que, como eu, não tem muito contato com a cultura e o dia-a-dia de pessoas negras da periferia, foi muito incômodo perceber como a realidade se aproxima tanto da ficção apresentada no livro.

Eu poderia falar muito mais sobre a obra, mas existem diversas resenhas incríveis por aí, que trazem perspectivas mais aprofundadas sobre a importância desse livro não só para a literatura YA como para todas as outras faixas etárias e gêneros.

Leiam esse livro!

Beijos e até o próximo post :*

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