Sinopse: Depois de O conto da aia, que deu origem à prestigiada série The handmaid’s tale e alcançou o status de bestseller mais de 30 anos após a publicação original, outro romance de Margaret Atwood vai ganhar as telas, desta vez pela Netflix, e volta às prateleiras com nova capa pela Rocco. Inspirado num caso real, Vulgo Grace conta a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à prisão perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão e a governanta da casa onde trabalhava, na Toronto do século XIX. Com uma narrativa repleta de sutilezas que revelam um pouco da personalidade e do passado da personagem, estimulando o leitor a formar sua própria opinião sobre ela, Atwood guarda as respostas definitivas para o fim. Afinal, o que teria levado Grace Marks a cometer o crime? Ou será que ela estaria sendo vitima de uma injustiça?
Após a experiência fantástica que tive com O Conto da Aia, fiquei super curiosa para conhecer mais do trabalho de Margaret Atwood, e por isso decidi pegar Vulgo Grace para ler. O fato de esta obra também ter virado série me animou mais ainda, e eu tinha a certeza de que iria encontrar mais uma história incrível pela frente.
Vulgo Grace é uma ficção histórica que aborda um dos crimes mais controversos da história do Canadá. Grace Marks e James McDermott foram acusados de assassinar o patrão e a governanta da casa em que trabalhavam, por motivos que até hoje são os responsáveis pela polêmica: inveja? Raiva? Vingança? Crueldade pura e simples? Até os maiores estudiosos sobre o caso ainda divergem sobre o que levou McDermott a cometer tais atos e se Grace teve mesmo alguma coisa a ver com eles.
A obra de Margaret Atwood usa a história real dos assassinatos e da vida dos acusados para desenvolver sua própria versão dos fatos (ou pelo menos preencher as lacunas que ainda estão em aberto). Através de seu personagem Simon Jordan, um psiquiatra que se interessa pela história de Marks, Atwood nos leva por uma trama psicológica e fascinante que, mesmo após a leitura, ainda nos deixará com dúvidas a respeito da inocência ou culpa de Grace.
Mais uma vez a autora conseguiu me arrebatar com sua escrita e sua maneira de se aprofundar na mente humana, com tanta intimidade e sensibilidade. Grace, por mais misteriosa e ambígua que seja, se torna transparente pelo olhar de Atwood, que consegue transmitir seus pensamentos mais secretos e obscuros de maneira natural e crível. Não tem como não se encantar por Grace Marks e não querer conversar com ela por horas.
O machismo do século XIX é amplamente discutido em Vulgo Grace, com algumas passagens de darem náuseas. O pensamento dos homens da época em relação às mulheres é assustador, e a autora não nos poupa quando aborda estes pensamentos pois de certa forma nos ajudam a entender não só a vida da protagonista como de todas as mulheres na sociedade da época, assim como nos fazem perceber como tais ideias podem ter sido cruciais no julgamento de Grace Marks.
Assim como Grace, Mary Whitney e Nancy Montgomery também são personagens intrigantes e incrivelmente bem escritas, com complexidade, mistério e aprofundamento na medida certa. A maneira de cada uma agir reflete bastante no destino delas e apesar de não nos trazer muitas respostas sobre o que é verdade ou ficção, nos intriga e nos mantém interessados a cada aparição ou menção de qualquer uma dessas personagens.
Vulgo Grace é um livro longo e denso, mas muito prazeroso; seu intuito não é trazer uma conclusão acerca da culpa ou inocência de Grace e sim, nos encantar com a complexidade da mente humana e de como, no fundo, todos pensam e agem de maneiras misteriosas. Os personagens são todos tridimensionais e encantadores, cada um à sua maneira. Recomendo demais essa leitura, e podem ter certeza de que quando eu assistir à série, vou falar sobre ela aqui no blog também. Já quero mais Margaret Atwood na minha vida!
Beijos e até o próximo post :*
Beijos e até o próximo post :*
0 comentários:
Postar um comentário