Resenha | Mindhunter

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Autores: John Douglas e Mark Olshaker
Editora: Intrínseca
Páginas: 384
Ano: 2017
Classificação:
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Sinopse:Em detalhes assustadores, Mindhunter mostra os bastidores de alguns dos casos mais terríveis, fascinantes e desafiadores do FBI.
Durante as mais de duas décadas em que atuou no FBI, o agente especial John Douglas tornou-se uma figura lendária. Em uma época em que a expressão serial killer, assassino em série, nem existia, Douglas foi um oficial exemplar na aplicação da lei e na perseguição aos mais conhecidos e sádicos homicidas de nosso tempo. Como Jack Crawford em O Silêncio dos Inocentes, Douglas confrontou, entrevistou e estudou dezenas de serial killers e assassinos, incluindo Charles Manson, Ted Bundy e Ed Gein.
Com uma habilidade fantástica de se colocar no lugar tanto da vítima quando no do criminoso, Douglas analisa cada cena de crime, revivendo as ações de um e de outro, definindo seus perfis, descrevendo seus hábitos e, sobretudo, prevendo seus próximos passos.
Com a força de um thriller, ainda que terrivelmente verdadeiro, Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano é um fascinante relato da vida de um agente especial do FBI e da mente dos mais perturbados assassinos em série que ele perseguiu. A história de Douglas serviu de inspiração para a série homônima da Netflix, que conta com a direção de David Fincher (Garota Exemplar e Clube da Luta) e Jonathan Groff, Holt McCallany e Anna Torv.

Mindhunter é um livro difícil de resenhar. Não tanto pelo assunto, que apesar de não ser dos mais tranquilos, é abordado de maneira bem explicativa; a dificuldade se dá mesmo pela enorme quantidade de informações a respeito dos estudos sobre serial killers e como suas mentes funcionam.

Quem acompanha os lançamentos da Netflix provavelmente ficou sabendo da estreia da série Mindhunter, que tem ninguém mais, ninguém menos que David Fincher na direção. Eu fiquei vidrada na série de primeira, e até cheguei a comentar aqui no blog em uma ocasião. Ao finalizar os episódios, fiquei super curiosa para conhecer mais do departamento do FBI de Quantico, que deu origem à história do programa de TV. E desde já digo que o livro é uma ótima adição ao que foi apresentado na primeira temporada.

O livro é quase uma autobiografia de John Douglas, ex-agente do FBI que entre os anos de 1970-1980, foi um dos responsáveis pela criação da Unidade de Apoio Investigativo do FBI, e junto a seus colegas de profissão, fez diversos estudos aprofundados sobre o comportamento de serial killers, além da criação de “perfis” destes criminosos. Aliás, o termo serial killer não existia até Robert Ressler, que trabalhava na divisão de Quantico, criá-lo. O resto, como todos sabemos, é história.


Não podemos afirmar o quanto de Mindhunter foi escrito por Douglas - se é que ele escreveu alguma coisa -, já que Mark Olshaker assina a co-autoria da obra, mas posso dizer que a narrativa é bem direta e sem muito espaço para sentimentalismos. O início do livro é lento, com relatos de Douglas sobre sua vida antes de se tornar policial, o início de sua carreira e o interesse pela psicologia de crimes hediondos, com foco em agressões sexuais e tortura. 

Passado esse começo arrastado, passamos a conhecer mais sobre Quantico e lemos trechos reais de entrevistas com alguns dos maiores serial killers já vistos, como Ed Kemper, Jerry Brudos, Wayne Williams, Dennis Rader e muitos outros. Charles Manson, apesar de não ser exatamente um assassino, também é citado e conseguimos conhecer bastante sobre sua vida conturbada. Um paralelo muito interessante é traçado sobre o passado destes criminosos e suas “carreiras” no crime, e este aspecto foi um dos que mais gostei durante a leitura.

John Douglas se mostra um tanto narcisista e às vezes arrogante, sempre nos lembrando do quão importante foi o seu trabalho para a comunidade e como ele ajudou a pegar diversos criminosos ao longo de sua carreira na polícia. O fato de Douglas ter sido a inspiração de personagens fictícios como Jack Crawford, de O Silêncio dos Inocentes, também é lembrado diversas vezes e isso pode ser um pouco irritante, mas acabamos acostumando.

Em relação à série, Mindhunter é uma adaptação muito fiel. As falas dos personagens, a ambientação e os obstáculos que a equipe de Quantico enfrenta são muito semelhantes ao que vemos no livro; a maior diferença fica por conta da participação feminina, que na realidade foi bem menor do que na ficção. Ann Burgess (Wendy Carr na série) serviu mais como uma consultora do que como uma atuante no departamento, como vemos na série. E Burgess não é lésbica como Carr. Acredito que as mudanças são benéficas e tornam a série mais empolgante; é bem legal ver mulheres em posição de poder mostrando seu valor.

Eu poderia falar muito mais sobre série e livro; o conteúdo é riquíssimo e rende muito o que debater. Mas deixo a experiência para quem quiser ler e se aprofundar nesse assunto fascinante que é a mente de criminosos tão frios quanto os serial killers. Aos desavisados: as descrições dos crimes são extremamente detalhadas e por muitas vezes me senti nauseada ao ler as atrocidades praticadas por alguns dos assassinos. Então, se você tem problemas em ler sobre corpos desmembrados, estupro e violência extrema, é melhor não se aventurar por esta obra.


Pra finalizar, quero comentar sobre os relatos que Douglas nos dá sobre a influência da família e da criação na vida de futuros assassinos e psicopatas. Ele não bate o martelo dizendo que assassinos nascem assassinos, mas nos apresenta argumentos suficientes para nos convencer de que a falta de uma boa estrutura familiar é um dos principais fatores a influenciar a vida de uma pessoa mentalmente desequilibrada. E também nos alerta do quão afetados podemos ficar ao lidar com pessoas e casos tão cruéis como os que ele lidou durante 25 anos de carreira. Mas fico feliz e grata por Douglas ter conseguido executar tão bem o seu trabalho, ajudando tanto a polícia como a psicologia.

Fica aqui a minha super recomendação, independente de você ter assistido ou não à série. Não vejo a hora de novos casos reais serem abordados e de conhecermos mais sobre os incríveis personagens criados para a TV.

Dica extra: Vi dois vídeos muito bons e muito completos sobre o livro e quero indicar pra vocês. Um é do canal Pipoca Musical e outro do canal Redatora de M*%$#. Para assistir, clique aqui e aqui.

Beijos e até o próximo post :*

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